quarta-feira, 23 de maio de 2018

13 Reasons Why - Segunda Temporada: O Veredito


  Ano passado fomos apresentados a Hannah Baker e sua trágica história. 13 Reasons Why abriu nossos olhos e mentes para assuntos importantes, que ainda são considerados tabus como suicídio, estupro, bullying, saúde mental, abuso, drogas, porte de armas, depressão, sexualidade, agressão física e assédio sexual.
  A trama que conta a história de como Hannah tirou sua vida e os motivos que a fizeram tomar essa atitude, cativou o público empaticamente (quem não começou a série pensando "eu já fui/sou Hannah Baker" mas acabou a série pensando "ok, mas eu também já fui um de seus porquês ou pelo menos já agi como um")

  Quando a série acabou, opiniões foram divididas. Havia a necessidade de uma segunda temporada ou não? Para alguns sim, porque não haviam encontrado um encerramento na história de Hannah, ou então porque pensassem que sua história só teria fim quando fosse justiça feita (não só para ela, mas também para Jessica).
  Já para outros uma nova temporada não era realmente necessária, algumas pessoas apontaram dizendo que a Netflix estava tentando ganhar dinheiro "as custas do suicídio" ou que uma segunda temporada destruiria tudo aquilo de importante que a série representa.
  Quanto a mim, confesso que desde o começo quis uma nova temporada, cheguei a comentar com diversas pessoas que não via a necessidade de uma temporada completa, que a história poderia ser encerrada em dois ou três episódios de uma ou duas horas (talvez até como fizeram com Sense8), ao terminar de assistir a segunda temporada percebi que realmente prolongaram a história sem necessidade.


  A segunda temporada nos mostra as consequências do suicídio de Hannah e de suas fitas, a fim de "colocar a culpa" em alguém Olivia Baker processa a escola  por ser negligente com sua filha. Enquanto isso Clay tenta seguir em frente com Skye, o que faz com que ele "banque" o herói novamente, mas com o julgamento prestes a acontecer Hannah volta para "assombrá-lo", Alex enfrenta as sequelas de sua tentativa de suicídio e conta com a ajuda de Zach e seus amigos para se recuperar, Tony começa a lidar com seus fantasmas e problemas de raiva, Jessica "tenta" levar uma vida normal voltando a escola depois de seu estupro e Justin vive com a culpa de seu envolvimento no estupro da namorada, o faz com que ele acabe entrando no mundo das drogas.
  Essa temporada teve diversos pontos negativos e positivos, e apesar dos negativos serem maiores eu não consigo deixar de exaltar os positivos. Então, vou só colocar aqui o que achei de bom e ruim.

Pontos Positivos:
  - Preencheu algumas lacunas deixadas pela primeira temporada.
  - Como prometido mostrou as consequências dos atos de Hannah e dos outros.
  - Deu encerramento a história dela, agora que sua história foi ouvida e concluída ela pode finalmente descansar em paz.
  - Por não ter mais Hannah como narradora ela se permitiu focar nos personagens secundários, e nos mostrou a versão deles de algumas histórias, o que nos faz dar uma segunda chance aos personagens que merecem.
  - Mostrou mais Olivia Baker e como ela lidou com o luto

Pontos Negativos:
- Prolongaram demais a história, não havia necessidade de mais 13 episódios.
- Alguns personagem novos foram desnecessários, unicamente por terem sido mau aproveitados (como Skye, Cyrus e Mackenzie)
- A História não concluída de Skye, nos mostram mais da vida dela, mas quando pensamos que vão aprofundar e nos fazer entender melhor a complexidade da personagem, eles meio que desistem dela, o que é revoltante.
-  O último episódio ainda te deixa com aquela sede de justiça que nos foi deixada desde o último episódio da primeira temporada.
- O arco de Tyler é bem "bipolar" eles começaram colocando ele bem pra depois o transformarem num "terrorista" fazendo quase uma referência direta ao massacre de Columbine
- A cena de estupro no último episódio foi extremamente desnecessária e "irrelevante" pra história. Foi como se quisessem mudar toda atenção da história, chamando atenção para um novo problema e com isso trazendo um possível plot para uma nova temporada, que é totalmente dispensável.


   Para mim a melhor coisa sobre essa temporada foi o fato dela tirar Hannah do seu pedestal, ela desmistifica a imagem que temos da garota. O público assim como Clay coloca em sua mente a ideia de que ela era perfeita e por isso a colocamos em um "pedestal".
  Conforme vamos nos aprofundando na vida de Hannah percebemos que ela era só uma garota como tantas outras que tem sonhos e ambições, que também sofre com a pressão da sociedade para sem encaixar em algum lugar, que comete erros e foi marcada por eles, que não foi só julgada, mas também julgou. E tudo isso também reforçou aquilo que dizem que depressão não tem cara, a pessoa pode estar feliz em um momento e definhando no outro, particularmente me trouxe um pouco de paz ver que ela teve um pouco de felicidade na vida e me fez desejar ainda mais que tal tragédia não tivesse acontecido, porque ela seria uma pessoa maravilhosa com uma vida linda pela frente.


  A relação dele com a Hannah continua como vimos anteriormente, a relação continua tão igual que a cada nova descoberta sobre ela, ele parece questionar se realmente a conhecia (coisa que nos dá uma das melhores cenas da série quando Justin o chama de idiota e diz que só porque ela ficou com um cara, gostando de outro ele "de repente" não a conhecia?)
   Clay que continua com dificuldades para aceitar tudo que aconteceu com a amiga começa então, a ver seu "fantasma", que aparentemente surge para ajudá-lo a entender e a superá-la, o que nos rende algumas cenas cansativas, em diversas partes fica claro que o fantasma de Hannah foi só uma desculpa para aproveitar Katherine Langford e sua atuação, que foi digna de uma indicação ao Golden Globes, entretanto as melhores cenas de Hannah & Clay continuam sendo os flashbacks (a melhor inclusive sendo uma conversa com os dois chapados falando sobre o Infinito, já com o fantasma a melhor cena talvez seja uma que se assemelha muito com uma de As Vantagens de Ser Invisível).


   Uma coisa que tem feito diversos fãs reclamarem foi o relacionamento de Clay & Skye, e a falta de química entre os atores, eu não questiono isso, e confesso que fiquei bem revoltada por não terem aproveitado a personagem da Skye direito, mas depois de ver entrevistas com Dylan Minnette eu concordo que havia a necessidade desse relacionamento porque um precisava do outro pra se recuperar, o Clay precisava da Skye pra superar a Hannah e pra entender que por mais que ele queira ele não pode carregar o mundo nas costas e tentar ser o herói pra todos sozinho e a Skye precisava do Clay pra entender que ela tem um "problema" é que precisava de ajuda, porque se não ela seria "outra" Hannah Baker.


 A história de Jessica é abordada fielmente se destaca, Alisha Boe realmente merece todos os reconhecimentos e aplausos pela atuação. Bebendo das águas do movimento #MeToo, é ressaltado o tempo todo como as mulheres vítimas são julgadas e o trauma que isso causa, as impedindo de falar ou tomar uma atitude. É aterrorizante ver que ela encontra seu agressor todos os dias na escola e não tem refúgio, e o pior é vê-lo agindo naturalmente como se nada tivesse acontecido, mas é um pouco reconfortante saber que ela teve uma amiga na mesma situação, que sabe pelo que ela passou para ajudá-la. É ainda mais bizarro ver que outras mulheres acreditam nos boatos sobre ela e diversas vezes apontam o dedo para a chamarem de "Vadia Bêbada", nos faz perguntar porque ás vezes somos tão cruéis umas com as outras, quando na verdade deveríamos nos apoiar.
Outro ponto interessante abordado é culpa que Kevin Porter, o conselheiro da Liberty High, carrega consigo por não ter sido capaz de ajudar Hannah. Em uma cena muito comovente vemos seu depoimento no tribunal onde ele pede desculpas a Olivia Baker por ter decepcionado sua filha, essa cena fez martelar a pergunta que alguns tem feito desde o lançamento da série: Alguém realmente está pronto para falar sobre suicídio? Se até os especialistas tem dificuldades em retratar tal assunto, como poderíamos nós, a "plebe" falar sobre isso da forma certa? E existe mesmo um jeito "certo" sobre abordar um assunto tão delicado? Será que é realmente melhor não falar nada, por medo de falar a coisa errada do que só falar?
Uma coisa que me incomodou desde a temporada passada foi a falta de justiça, vamos admitir todos queríamos ver o Bryce sendo preso e ficamos revoltados por isso não ter acontecido na primeira season finale, e se você acha que isso foi resolvido no fim, não se engane, Bryce Walker foi sim julgado pelo estupro de Jessica, mas apenas pegou três meses de condicional, fato que me deixou com o sangue fervendo de raiva, o que segundo Bryan Yorkey, criador da série, era a intenção. A ideia de Yorkey ao dar uma pena leve para Bryce foi ser realista, porque infelizmente é o que acontece na vida real (principalmente se o estuprador é branco e rico). O que revoltou muito também foi o fato do juiz que sentencia Bryce basicamente construir uma falsa equivalência moral entre Bryce e Jessica quando ele diz algo como "vocês dois fizeram escolhas que os trouxeram até aqui, mas vocês dois ainda são jovens e merecem seguir com suas vidas." Sendo que não há nada equivalente nas decisões de ambos, Bryce DECIDIU estuprar Jessica, ela NÃO DECIDIU ser estuprada, porém no nosso mundo, que apesar de vir buscando mudança, ainda continua extremamente machista, isso realmente acontece.
Outro destaque de atuação foi a veterana Kate Walsh, que nos mostrou uma mulher enlutada, culpada, traumatizada, que só quer entender o que aconteceu com a filha e que por ela quer que a justiça seja feita.
Foi uma temporada sobre intervenção, isolamento social, vícios, justiça, recuperação, cura, luto, cultura do estupro e a cumplicidade do silêncio, amizade, cumplicidade, apoio, verdade, culpa, aceitação e superação. Coisas que os minutos finais do último episódio mostram muito bem.


  Sendo necessária ou não, a segunda temporada de 13 Reasons fez o que vem fazendo desde o começo colocando o dedo na ferida sem medo, e alertando as pessoas da importância de falar sobre assuntos que não são falados com tanta frequência, mas que deveriam, se não como forma de alerta, talvez como prevenção.
Lembrando que você ou alguém que você conhece precisar de ajuda você pode entrar no site da série ou no do C.V.V. (Centro de Valorização da Vida).
Não importa o que você esteja passando, conversar sempre ajuda.
 

quarta-feira, 16 de maio de 2018

Alguns dias ruins são só isso, dias ruins. Respire fundo e deixe eles passarem.

                   
  Tem dia que tudo que a gente precisa é um tempo livre, pra descansar não só o corpo, mas a mente, principalmente a mente. 
Ás vezes nada certo e precisamos parar por um tempo para entender e até para respirar, com o dia á dia tão caótico como está atualmente, precisamos entender que existem algumas coisas que não podemos controlar, e aceitar isso, essa é uma lição que levamos quase a vida para aprender.
  Ás vezes tudo dentro de mim grita e a vontade de jogar tudo pro alto se torna enorme, mas eu sempre digo que não adianta fazer nada de cabeça quente, então, dou um tempo pra esfriar bem a cabeça e depois penso no que fazer.
 Alguns dias eu só quero ficar em casa maratonando minhas séries favoritas, ou assistir todos os filmes do Nicholas Sparks e com eles colocar para fora todo choro que eu já guardei, por vezes a vontade de sair da cama pra enfrentar o mundo lá fora é inexistente, é como se um peso no meu peito me impedisse de levantar; ás vezes eu só quero ficar em casa deitada, rodeada dos meus muitos gatos e esquecer que existe um mundo lá fora.
 Quantos dias eu não me peguei precisando urgentemente de um abraço, de um dia divertido entre amigas, de um colo ou um ombro, de alguém do meu lado me dizendo que tudo vai ficar bem.
 De vez em quando a gente precisa parar pra respirar e olhar pro céu por cinco minutos, só pra lembrar que alguns dias são só ruins, que eles não duram para sempre, e que eles nos deixam mais fortes, nos amadurecem. 
 Ocasionalmente precisamos de um tempo para lembrar que um dia ruim, não significa uma vida ruim, e que tudo passa.   Aposto que num futuro não tão distante assim você nem vai lembrar dos dias tristes. Porque a vida pode ser difícil, dura, triste e muito louca, mas acho que é mais uma louca mistura de dias de merda com dias de festa. 
Lembrem-se disso!