sábado, 3 de novembro de 2018

Bohemian Rhapsody - Crítica


  Quando o assunto cinebiografias vem à tona  polêmicas começam a surgir. O roteiro conseguirá aprofundar toda a vida da persona em si ou não? Quais partes precisam ser destacadas? E quais não precisam? 
 Entretanto, quando a persona em questão foi um dos maiores compositores/cantores do mundo, as complicações dobram. 
 Quem poderia interpretar o icônico Freddie Mercury nos cinemas? A resposta parecia estar em Sacha Baron Cohen, mas por conflitos de ideias com os membros do Queen, Cohen abandonou o projeto. Eis que surge um ator norte americano de origem egípcia chamado Rami Malek


 Conhecido por ganhar o Emmy de 2016 por sua atuação na série Mr. Roboto, Malek também pode ser lembrado por suas participações em Um Noite no Museu e em A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 2
 O filme conta a história da formação do Queen sem se aprofundar, mostrando o início de tudo até pouco antes do fim.
O roteiro apesar de destacar a vida pessoal do cantor, não se preocupa em detalhar a fundo todos seus relacionamentos amorosos, deixando claro desde o começo sua sexualidade, sem levantar bandeira alguma. (Exatamente como Freddie tratou a questão em vida.)
 O que mais é mostrado no filme é sua relação com Mary Austin, musa responsável por lhe dar inspiração para o grande hino Love of My Life, e com os outros membros do Queen em si. 


 Bohemian Rhapsody deixa claro que a existência de Freddie Mercury e da Queen dependiam uma da outra, a banda não existiria sem ele, assim como também não existiria sem Bryan May, Roger Taylor e John Deacon. Cada um foi fundamental para a banda ter o sucesso que teve. Se uma mesa tem quatro pernas, e uma de suas pernas é arrancada, é provável que essa mesa caía ou penda mais  para um lado. Assim era o Queen, uma combinação completamente única e insubstituível.
 Rami Malek, tirou de letra a difícil missão de encarnar Mercury, ele transmitiu bem a enigmática, porém excêntrica persona que Freddie era. O ator é tão expressivo que consegue transmitir diversos sentimentos com um simples olhar.
 O carisma de Rami só perde para sua incrível presença de palco, apesar de optado por dublar as canções (por motivos claramente óbvios). Sua interpretação vai muito além da aparência (que foi levemente alterada para se assemelhar com a de Freddie), todos os trejeitos do cantor foram replicados, assim como toda a dominância que ele tinha no palco. É simplesmente lindo ver o brilho em seu olhar durante uma cena de show, ou produzindo os álbuns em estúdio de gravação ou até mesmo escrevendo as músicas.
 Apesar de Rami Malek se destacar, seus colegas de elenco também não ficam para trás Gwilym Lee também fez um excelente trabalho como Bryan May, ele foi capaz passar toda a vibe tranquila que May tem, Ben Hardy que interpreta Roger Taylor nos mostra um lado mais rebelde e atrevido de Taylor e Joseph Mazzello encarna John Deacon de um modo bem ardiloso.  
 A história nos mostra um pouco da busca incessante de Freddie por alguém para amar, e como a vida de celebridade pode muitas vezes ser solitária e sedutora. Nos mostra como ter todo o mundo aos seus pés não é suficiente, como sempre vai existir um vazio cuja a necessidade humana sempre nos fará tentar preenchê-lo de alguma forma.
 As cenas de apresentações da banda são arrasadoras tanto da perspectiva do público como da banda.
 Bohemian Rhapsody emociona de uma forma como só Freddie Mercury foi capaz de emocionar, com sinceridade, amor e sofrimento. Ele colocar em poesia a mistura louca e emocional que foi o Queen, e nos faz entender o que tornou a banda um fenômeno. O que os diferenciava era o fato deles serem, parafraseando o próprio Mercury, serem "Quatro desajustados que não pertencem juntos, tocando para outros desajustados, para os exilados bem no fundo da sala, que têm certeza de que eles não pertencem também." 
  Mostrando uma história de uma família, que assim como todas tinha seus atritos, seus altos e baixos, mas que foi unida por algo maior: um amor a música e ao público.