sexta-feira, 15 de março de 2019

Crítica: Capitã Marvel



  Depois de 10 anos no mundo cinematográfico a Marvel finalmente lançou seu primeiro filme com uma protagonista feminina, na quinta-feira  (07/03) Capitã Marvel estreou nos cinemas brasileiros mostrando todo o poder da heroína que já foi confirmada como a mais poderosa do MCU, até agora. 
 Em Capitã Marvel a dupla de diretores Anna Boden & Ryan Fleck ousam ao fazer uma história de origem diferente, o roteiro apresenta a a personagem sem dar muito enfoque ao seu passado, sua história é apresentada através de flashbacks o público vai descobrindo o passado conforme ela própria descobre. 
 A introdução da personagem é bem explicativa, você entende bem quem ela é, o quão poderosa ela é e sua importância para os próximos filmes; o filme se autoexplica, de modo que se você for introduzido ao MCU (Marvel Cinematic Universe) por ele você não fica perdido, não é preciso ver os outros filmes da Marvel ou ler HQs para entendê-lo. 
 A lacuna que liga Capitã Marvel com os outros é preenchida e faz sentido, ela deixa uma brecha para Vingadores Ultimato, e quem sabe até para outros. 
 A história do filme é um círculo bem fechado; apresenta um problema, apresenta duas soluções para ele e dá o  livre arbítrio a Carol e sua consciência. 



Brie Larson captou bem a essência de Carol Danvers com seu humor ácido, seu jeito sarcástico e desafiador. Para quem está acostumado a ver um lado mais sereno de Brie (Ganhadora do Oscar de melhor Atriz em 2016 pelo filme O Quarto de Jack) talvez até estranhe. 
 É sempre bom ver atores e atrizes saindo da suas zonas de conforto ao interpretar personagens completamente diferentes de sua própria persona, com Larson isso fica evidente em tela; Brie que se declara uma pessoa completamente introvertida deixa claro a paixão que criou por sua Capitã e o quanto a personagem a mudou. Não é nem preciso seguí-la nas redes sociais para ver a dedicação e importância que ela deu a Carol, basta você ver uma entrevista com ela e em seguida o filme que já fica nítido o quanto de sua alma e coração ela colocou no filme. 


 Os personagens secundários são cativantes e responsáveis por humanizar a Capitã, quando a vemos com Nick Fury (Samuel L. Jackson), Maria Rambeau (Lashana Lynch) e sua filha Monica (Akira Akbar) vemos um lado mais leve e descontraído dela, é como se a a convivência com eles a tornasse menos kree e mais humana, neles está o segredo para que ela não esqueça quem realmente é, com eles ela finalmente se encontra.
 A química entre Larson e Jackson é um dos elementos que faz o filme dar certo, o bom relacionamento dos dois é inegável, tanto dentro quanto fora das telas. E por falar em Nick Fury, é completamente hilário ver uma versão mais jovial e despreocupada do personagem, trabalho que talvez em parte seja da computação gráfica, que fez um excelente trabalho rejuvenescendo Jackson, mas cuja o maior crédito pertencente ao próprio ator, por mostrar um lado inédito do personagem. 


 Quem rouba a cena em diversos momentos do filme é Goose, a gata/flerken de Carol, quando a alienígena felina aparecia em tela a risada era 100% garantida.
 A trilha sonora, assim como a de Guardiões da Galáxia, funciona como uma cápsula  do tempo nos transportando diretamente para os anos 90, o que te deixa completamente nostálgico, especialmente se você nasceu na década. Aliás, apesar de a época do filme não ser tão relevante (de modo que o filme talvez funcionasse igualmente bem, caso se situasse em qualquer outra época) é realmente divertido ver todas as referências a década de 90. 

 É quase impossível não comparar o filme com Mulher Maravilha, principalmente quando levamos em conta que ele é o único outro filme de super-heroína que temos. Assim como o filme de Patty Jenkins, ele também é um filme feminista sem levantar bandeiras diretas, ele só é feminista por ter uma mulher como protagonista e por contar a história do ponto de vida dela. A história de vida de Carol talvez atinja mais o público feminino do que a de Diana, ao menos empaticamente falando. Carol Danvers passa por situações que toda mulher já passou, ela foi ensinada a duvidar de seu potencial desde pequena, ela cresceu em um mundo machista e entrou em uma profissão masculinizada o que fez com que ela precisasse provar o seu valor em cada passo do caminho, no fim ela ela finalmente entende que só cabe a si mesma calar as vozes em sua cabeça, mostrando que sua força vem de si e que a única pessoa que ela tem que impressionar é ela mesma. 
 Talvez Capitã Marvel não tenha o grande impacto que Pantera Negra, ou até mesmo Mulher Maravilha, mas isso definitivamente não tira sua importância e legitimidade. 
 A lição principal do filme está ligada diretamente a humanidade de Carol Danvers, o que a torna humana e mantém sua conexão empática com o público é o fato de que não importa  quantas vezes ela caia, ou quantos a dirão que ela não é capaz, ela sempre irá se levantar dizendo "SIM, EU POSSO E EU VOU!"  
 Sobre o futuro da Marvel duas coisas são certas: 1º ele está em excelentes mãos e 2º Thanos realmente não tem noção do que está prestes a enfrentar.